Nas últimas décadas, o mundo corporativo passou por um forte processo de evolução, tornando-se dependente da tecnologia e da internet. Para muitos especialistas, a civilização atual vive o que conhecemos como a era da transformação digital. Diante deste contexto, o seguro de riscos cibernéticos se tornou um dos produtos mais importantes do mercado de corretagem de seguros.
Isso, porque ter dados financeiros ou pessoais expostos no ambiente online pode abrir margem para graves prejuízos para uma empresa ou até mesmo para toda uma população. Dependendo do nível de comprometimento à segurança, integridade e reputação, causado pelo incidente, os danos podem se tornar irreversíveis, como no caso do NotPetya, um ciberataque realizado, em 2017, por hackers russos, que se tornou um dos episódios mais devastadores da história, causando prejuízos de nada menos do que U$ 1.4 bilhões — em negócios perdidos e custos com cibersegurança.
Por isso, este conteúdo foi preparado para que você entenda a importância do seguro cibernético e quais as coberturas oferecidas pelo serviço. No decorrer dos próximos tópicos, você entenderá melhor o que são crimes virtuais, quais os seus impactos e muito mais informações importantes a respeito do assunto. Confira agora!
O que são riscos cibernéticos?
É considerado um risco cibernético qualquer ataque ou incidente criminoso realizado na esfera digital, isto é, no ambiente informatizado da internet, seja em busca de dados confidenciais e de dinheiro, ou até mesmo com a intenção de extorquir uma empresa ou indivíduo.
Embora o conceito popular de riscos cibernéticos, geralmente, seja relacionado a ataques de hackers, sequestros de dados (ransomware), roubo de informações por meio de vírus e fraudes em apps de troca de mensagens e redes sociais, a realidade é que o conceito é muito mais abrangente do que isso.
Em outras palavras, quaisquer comportamentos no âmbito digital que coloquem a integridade, segurança, patrimônio ou reputação de uma pessoa física ou pessoa jurídica em risco, é um crime virtual.
Ou seja, riscos cibernéticos englobam desde a violação de privacidade por meio de mecanismos digitais invasivos (malwares, spywares, trojans, keyloggers etc), passando por atividades criminosas e fraudulentas usando computadores, até ofensas, injúrias, discriminações e discursos de apologia a ideologias de ódio e preconceito.
Quais empresas são vulneráveis aos riscos cibernéticos?
Em um cenário altamente influenciado pelo processo de transformação digital, onde ter o negócio conectado à internet é praticamente um pré-requisito de sobrevivência no mercado moderno, o fato é que, hoje, qualquer empresa está vulnerável aos riscos cibernéticos.
Tem dúvidas quanto a isso? Pois bem, independentemente de qual seja o porte ou área de atuação do negócio, basta ter um e-mail corporativo, usado pelo empreendedor para gerir informações de fornecedores, clientes e funcionários, por exemplo, para que a instituição se torne suscetível aos perigos do ambiente online.
Em tempos de sistemas de gestão integrados à Cloud Computing, como ERPs e CRMs, a realidade é que, atualmente, uma grande porcentagem das empresas — e de profissionais autônomos — armazenam todos os seus dados e realizam processos por meio da internet em tempo integral.
O que quero dizer é que, nos dias atuais, basta um servidor (de uma grande provedora de internet) ficar fora do ar por algumas horas para que o mundo corporativo se torne um verdadeiro caos. Um recente exemplo disso foi a queda dos servidores da Amazon, em 7 de dezembro de 2020, que resultou em milhões de empresas e usuários impossibilitados de realizarem compras, pagamentos e terem acesso a serviços básicos, como plataformas de streaming, apps de mensagens e até mesmo apps de delivery de refeições.
Sendo assim, é correto afirmar que qualquer empresa conectada ao ambiente online, seja por meio de uma simples rede social ou um robusto sistema de gestão integrada, está vulnerável aos riscos cibernéticos, tais como organizações dos setores de:
- Telecomunicação;
- Tecnologia da Informação;
- Instituições Financeiras
- Entidades Governamentais;
- Saúde;
- ONGs;
- Varejo;
- Educação;
- Prestadores de Serviço;
- Indústrias.
Entre outros segmentos.
Quais são os riscos cibernéticos mais comuns?
Agora que você já tem uma noção mais ampla sobre a importância do seguro de riscos cibernéticos — tanto para as empresas quanto para qualquer pessoa que se preocupa com a segurança de suas informações armazenadas no ambiente digital — é importante conhecer as principais ameaças virtuais existentes. Afinal, como vender seguro cibernético aos clientes de sua corretora, sem ter um conhecimento aprofundado sobre o assunto, não é verdade?
Veja a seguir quais são os riscos cibernéticos mais comuns.
Malware
Se, em algum momento, você recebeu uma notificação de um software antivírus ou se, por engano, clicou em um arquivo anexo a um e-mail suspeito, é muito provável que já tenha tido contato com um malware.
A expressão malware é usada para categorizar diversos formatos de arquivos prejudiciais que podem infectar um computador, um dispositivo móvel ou uma rede de internet. Uma vez que ele se instala na máquina, é capaz de causar uma série de consequências, tais como:
- monitorar as ações e pressionamentos de teclas dos usuários em um computador, smartphone ou tablet;
- assumir o controle total do dispositivo;
- enviar silenciosamente todos os tipos de informações confidenciais armazenadas no computador ou rede para o banco de dados do criminoso.
É muito comum que os cibercriminosos utilizem esse recurso para se infiltrar em dispositivos eletrônicos de empresas, com a intenção de obter acesso a informações confidenciais de clientes, funcionários e, principalmente, dos gestores.
Em muitos casos, esses ataques resultam em roubos de dados sensíveis, como senhas de e-mails, contas bancárias e documentações pessoais, permitindo que o invasor realize transações financeiras, falsifique documentos e até mesmo abra empresas fantasmas em nome de outras pessoas. Grandes prejuízos podem ser causados até que elas descubram o ocorrido.
Phishing
Phishing é o nome dado às estratégias que cibercriminosos usam para se passar por outra pessoa, fazendo com que o usuário realize uma ação que normalmente não faria, como divulgar dados confidenciais ou instalar um software malicioso, que dará total acesso às informações armazenadas em seu computador ou dispositivo móvel.
Geralmente, em um ataque de phishing, o usuário recebe um e-mail ou mensagem de uma instituição que conhece e confia, como um parceiro de negócios ou um banco em que tem uma conta, por exemplo. O e-mail costuma ter características legítimas e algum tipo de urgência, levando títulos como:
- “você reconhece essa atividade suspeita em sua conta?”
- ““você pode confirmar os seus dados?”
No corpo da mensagem, sempre há um arquivo anexo ou link para clicar. Ao interagir, o malware é instalado no dispositivo do usuário.
Essa é uma das armadilhas mais comuns, pois utiliza táticas que despertam impulsos humanos e a curiosidade das pessoas. Porém, embora sejam fáceis de detectar, muitos usuários caem em golpes de phishing todos os dias.
Ransomware
Ransomware é um tipo de software nocivo, como um malware, pelos quais os criminosos virtuais sequestram dados sigilosos das empresas. Os hackers usam esses sistemas para bloquear informações, de modo que o acesso aos dados só pode ser retomado por meio de um pagamento de “resgate” (para liberação de um código de descriptografia do programa infectado).
Os indivíduos são chantageados e constrangidos, assim como em um sequestro de pessoas e, em muitos casos, os pagamentos são exigidos em criptomoedas, já que essa é uma forma de dificultar o rastreamento até a fonte criminosa.
Um dos casos famosos de ransomware foi o WannaCry, em 2017, no qual hackers russos sequestraram informações de mais de 200 mil computadores — de usuários de 150 países diferentes. Empresas, cidadãos e órgãos públicos sofreram grandes prejuízos financeiros e pessoais com o ataque.
Ataque de senha
Como consta no próprio nome, nesse tipo de ciberataque o invasor utiliza recursos tecnológicos para tentar quebrar ou adivinhar a senha de um usuário.
Uma das técnicas mais eficientes, por assim dizer, é o uso de um keylogger, que é uma espécie de malware que captura todas as atividades do teclado do computador ou smartphone de maneira silenciosa. Também são usadas estratégias de phishing para roubar informações.
O que é seguro de riscos cibernéticos?
O serviço de seguro de riscos cibernéticos, ou seguro cyber, é uma das modalidades que está em ascensão no mercado de corretagem de seguros, devido ao forte processo de transformação digital pelo qual a sociedade moderna vem passando nos últimos anos. Seu objetivo, de forma simplificada, é oferecer proteção às informações armazenadas na internet, tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas.
A finalidade do seguro de riscos cibernéticos é proporcionar garantias contra incidentes ocorridos no ambiente online — e suas consequências —, como roubos e vazamentos de dados sensíveis por meio de invasões de hackers, sequestro de informações, chantagens e todo o tipo de ameaça virtual.
Embora essa categoria ainda seja uma novidade no país, até mesmo para muitas corretoras de seguros, o fato é que as proteções para riscos cibernéticos já são comuns em países da Europa e da América do Norte. A tendência é que, devido a fatores como a popularização do acesso à internet e as exigências impostas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), no Brasil, a demanda por esse serviço só aumente no decorrer dos próximos anos.
Quais são as coberturas de seguro de riscos cibernéticos?
Para que você se torne um especialista em seguro contra riscos cibernéticos, é muito importante entender que os impactos causados por incidentes no ambiente digital podem tomar proporções enormes e causar gravíssimas consequências, tanto às finanças de uma empresa quanto à sua imagem, comprometendo sua existência no mercado.
Por isso, as coberturas de um seguro contra ataques cibernéticos são bastante abrangentes. Veja a seguir como o serviço pode proteger os segurados.
Responsabilidade pela segurança de dados de seguro de riscos cibernéticos
A responsabilidade pela segurança de dados é a cobertura mais básica e abrangente que o serviço pode oferecer. Entre os incidentes e situações incluídas, estão:
- negação de acesso inadequada para o acesso de um terceiro autorizado aos dados;
- furto ou roubo de equipamento (hardware) da empresa por um terceiro;
- furto ou roubo de código de acesso via sistema de computador ou nas instalações da empresa;
- contaminação de informações de terceiro por código malicioso (vírus) ou software não autorizado;
- corrompimento, destruição, alteração e eliminação de dados armazenados em qualquer sistema de computador;
- divulgação de dados devido a uma violação de segurança de dados.
Responsabilidade por dados pessoais e corporativos
Também chamada de seguro de proteção de dados & responsabilidade cibernética, essa cobertura visa oferecer recursos para que o segurado resolva conflitos e prejuízos sofridos pela empresa devido a vazamento de informações pessoais ou dados sensíveis de terceiros. Ou seja, reclamações ou processos de pessoas físicas ou pessoas jurídicas relacionados à sua responsabilidade digital.
Por exemplo, quando informações corporativas confidenciais e/ou dados privados de terceiros — como listas de clientes, planos de marketing, dados de funcionários, orçamentos etc —, que estão sob custódia da companhia, são publicamente divulgados, seja por meio de roubos realizados por criminosos virtuais ou por vazamentos internos.
Essa apólice inclui:
- indenização em ações judiciais transitadas em julgado;
- custos do processo;
- depósito recursal;
- custos de defesa — honorários de advogado e perícia;
- acordos realizados no âmbito judicial ou extrajudicial — que tenham concordância expressa pela companhia de seguros.
Entre outras coberturas.
Custos de defesa
Em casos de vazamentos de dados de terceiros, que resultam em processos judiciais, todas as despesas com a defesa da companhia, assim como um recurso de procedimento criminal, administrativo, regulatório ou civil, são indenizadas pelo seguro de riscos cibernéticos, como honorários e custas judiciais.
Custos de investigação
Também pode ser adicionada ao seguro de riscos cibernéticos a cobertura para arcar com os custos de uma investigação para descobrir as causas e os envolvidos em um incidente virtual que tenha afetado a companhia, isto é, despesas provenientes a honorários, representação e assessoramento legal.
Sanções administrativas
Uma situação de vazamento de dados corporativos sensíveis pode resultar em sanções administrativas por órgãos e entidades fiscalizadoras sobre a empresa, obrigando-a a arcar com os custos de uma investigação, por exemplo. Em casos como este, a seguradora realiza indenizações financeiras para que o segurado não sofra prejuízos.
Restituição de imagem da sociedade e pessoal
Como já mencionado, crimes cibernéticos, em muitos casos, geram graves impactos negativos à imagem e reputação de uma empresa perante o mercado e a sociedade. Todos os custos relativos à mitigação de prejuízos consequentes de incidente digital são cobertos pela companhia de seguros.
Notificação e monitoramento
Os procedimentos para enviar notificações aos usuários, a respeito de uma violação de informações, também geram custos, assim como os processos de monitoramento do ocorrido. Ao aderir essa cobertura, a empresa segurada será indenizada por todas as despesas envolvidas.
Dados eletrônicos
Um contexto de violação de informações de segurança exige o trabalho de profissionais especializados em tecnologia da informação e do auxílio de ferramentas e sistemas específicos, gerando altos custos para determinar se os dados podem ou não ser recriados, reestabelecidos ou restaurados.
Todas as despesas envolvidas no processo — tanto na hipótese de restauração das informações, como no caso de serem completamente perdidas — são totalmente custeadas pelo seguro de riscos cibernéticos.
Quais são as extensões do seguro de riscos cibernéticos?
Para finalizar este material sobre a importância do seguro de riscos cibernéticos, é preciso que você também conheça as extensões que podem ser adicionadas a um plano de proteção contra riscos virtuais.
Extorsão na internet
Qualquer prejuízo, dano ou perda financeira sofrida pelo segurado devido a uma extorsão proveniente de uma ameaça de vazamento ou exposição de dados confidenciais na internet pode ser ressarcida ao segurado.
Conteúdo de mídia
Danos causados à companhia por vazamento de informações privadas, gerando consequências como infração de direitos autorais e plágio, são ressarcidos pela companhia de seguros. Por exemplo, quando uma propriedade intelectual da empresa é pirateada por conta de informações privilegiadas roubadas ou furtadas.
Interrupção de rede
Se a empresa que foi vítima de um ataque virtual criminoso — devido a uma falha de segurança — teve o seu lucro líquido afetado, da mesma forma como a geração de despesas operacionais extras devido à suspensão ou interrupção dos negócios, se for real e mensurável, também poderá ser ressarcida pela companhia de seguros.
Considerações finais
Como você pôde ver, há uma forte tendência de que a demanda por seguro de riscos cibernéticos cresça cada vez mais no mercado à medida que a sociedade evolua devido ao processo de transformação digital. Afinal, empresas dos mais diversos portes e segmentos de atuação, assim como pessoas físicas e profissionais autônomos, têm prezado por sua segurança financeira, integridade e reputação no ambiente online.
Além disso, você também conferiu quais são os principais riscos cibernéticos, quais empresas estão vulneráveis aos crimes virtuais, como funcionam e quais as coberturas de um seguro para risco cibernético. Por meio das informações abordadas neste conteúdo, acredito que a sua corretora terá tudo de que precisa para se destacar em meio à concorrência.
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